A filosofia civil pensa a crise da modernidade, fazendo emergir as razões do silêncio sobre a relação entre transcendência e ordem ou, noutros termos, entre verdade e representação. Mas encontrar a substância da cidadania sob a massa de instituições e doutrinas criadas por contemplativos e activistas que modificaram profundamente o conteúdo da teoria política é uma tarefa quase inesgotável e não há resumo que possa fazer justiça ao modo como Voegelin equilibra o detalhe e a síntese ao longo das obras em que lida com este tema. Trata-se de averiguar até que ponto as ideias políticas servem de suporte a instituições, regimes e indivíduos e até que ponto possuem valor teórico. Voegelin extrai o problema da representação política das formas autointerpretativas exibidas pela história e mostra o seu lento e complexo crescimento. A atitude crítica começa quando os conceitos de análise deixam de estar condicionados pela realidade social e pela neutralidade das ideias. Só assim se entende o que é a filosofia civil e qual o seu valor e alcance epocal de encerramento da modernidade.