Jaime Osório, um dos principais continuadores da Teoria Marxista da Dependência, analisa, neste livro, o papel do Estado – e as transformações pelas quais ele passa – na nova fase de acumulação capitalista, a mundialização, e sua relação com a sociedade civil. Ou seja, o tema central aqui são as formas de dominação política – por meio da coerção e do consenso – das classes dominantes para garantir a reprodução ampliada do capital.

Este livro trata do tema tanto em uma perspectiva universal, ao recuperar e discutir categorias teóricas como classes sociais, Estado, sociedade civil, poder político, capitalismo dependente, quanto em uma perspectiva particular ao analisar algumas particularidades do desenvolvimento do capitalismo na América Latina. É neste sentido que ele analisa, nesta edição revista e ampliada, as mudanças nas relações de força entre as classes no âmbito do sistema mundial, para compreender o quadro em que emergem Estados contrainsurgentes e ditaduras militares na região nos anos 1960, 1970, 1980; governos populares e governos progressistas nas primeiras décadas do século XXI e a posterior investida do grande capital regional e mundial, estabelecendo novas formas estatais autoritárias que hoje predominam na zona, com exceção do caso mexicano desde 2018.

TRECHO DO LIVRO

O Estado capitalista não expressa apenas uma correlação de forças na qual predominam os interesses das classes dominantes. É, antes de mais nada, uma relação social que cria força e modifica essas correlações em favor dos que dominam. Supor que o Estado “reflete” a luta de classes implicaria concebê-lo como uma entidade neutra, que revela o ponto em que se encontra a correlação de forças entre as classes, algo assim como um termômetro político. Mas, ao contrário, o Estado tem um papel ativo na luta de classes a favor da integração e da organização das classes dominantes e da dispersão e desarticulação das classes dominadas.