Não acontece sempre de se ler um livro e ser visitada por ele, mas Viviane Santiago escreve de maneira a conseguir facilmente alcançar esse movimento dentro de nós. “Porém, a mala sempre esteve pronta” consegue com delicadeza apresentar contos com temas amargos e dolorosos. Um livro sobre famílias, parentalidade e como estamos em sociedade criando nossas crianças, pois esse é um compromisso coletivo, apesar de tudo. Porém, muito além desses grandes temas, ouvimos as crianças narrando diretamente seus dias, e qual foi a última vez que ouvimos essas vozes? Como é precioso e tocante ser adulto e ler contos que são em maioria narrados por crianças, especialmente pelos meninos. Meninos que mesmo que sintam o peso da cobrança de uma masculinidade esmagadora, conseguem entender o que cabe dentro da lágrima, do que é feito um Deus ou uma tempestade. São mais do que bonecos de ferro que tudo aguentam, são na verdade em seu miolo o barro que nasceu já desmoronando. E nesse mundo parece que o sentir está a serviço da ribanceira.