Mesmo com o vasto rol de pesquisas sobre os escritos de Clarice, ainda restam elementos de sua produção que foram pouco explorados. Ressalto pelo menos três produções dela que foram pouco investigadas: uma única peça de teatro, intitulada A pecadora queimada e os anjos harmoniosos; um artigo sobre tradução, chamado “Traduzir procurando não trair”; e uma conferência. É essa conferência, pouco mencionada pela crítica, que examinarei a seguir, pois a reflexão ali desenvolvida pela escritora permite estabelecer conexões entre as propostas críticas do leitor Antonio Candido e as da leitora Clarice Lispector no que se refere ao caráter inovador e vanguardista da literatura. [...] As implicações do debate nos remetem à relação do texto ficcional com a recepção e a crítica e introduzem ao público um perfil desconhecido da escritora: a Clarice conferencista. – Nádia Battella Gotlib. A 72ª edição da Revista da Biblioteca Mário de Andrade é dedicada a Clarice Lispector.