Uma história sobre ancestralidade para crianças. Livro infantil convida a pensar sobre o que herdamos de nossos antepassados. Bem é um garoto que sabe, desde cedo, que não é um só: é muitos. Apesar de ser apenas um menino, ele é também seu bisavô Zezinho: é dele que sua mãe lembra, quando reconhece no filho os mesmos olhos de jabuticaba do avô. E é um pouco sua avó Biita, de quem herdou o sorriso. Mas é, ainda, um pedaço de uma história muito comprida. Ou, melhor dizendo, de muitas e muitas histórias entrelaçadas, como as tranças de seu cabelo, que carregam tanta realeza e inteligência. Tudo que sou, nova obra da Editora Rebuliço, apresenta a história de Bem como fio-condutor para que os pequenos leitores possam refletir, a seu modo, sobre o poder da ancestralidade. Seu protagonista nos mostra, com muita graça e leveza, como cada um de nós é feito por pedaços que herdamos de nossos antepassados. E, ainda, como a história de um é sempre resultado da história de muitos. Como fios que se trançam e se reinventam, misturando passado e presente, dores e delícias. Com enredo afrorreferenciado, Tudo que sou é um convite ao reconhecimento de nossas origens e à valorização da identidade. É, também, um livro que contribui para dirimir uma lacuna histórica: a invisibilidade de protagonistas negros e de tramas ligadas à cultura e à identidade afro-brasileira na literatura feita em nosso país. Um lapso terrível, tão simbólico do racismo estrutural brasileiro, e que vem mudando graças ao trabalho e ao talento de alguns autores. Como, por exemplo, a própria Luana Rodrigues – que, além de escrever obras afro referenciadas, é pesquisadora no tema. Em Tudo que sou, as ilustrações de Luiz Silva, delicadíssimas, enfatizam ainda mais o encanto da diversidade. E, assim, reforçam o carisma de um livro que busca instigar, com empatia e prazer, a curiosidade e o senso crítico dos pequenos.